Apresentação da Sala 50 do Museu do Turismo: CAFÉ SANTA CRUZ - COIMBRA

O Café Santa Cruz, em Coimbra, abriu a Sala número 50 do Museu do Turismo. Trata-se da segunda sala situada em Portugal. A primeira, a sala nº 20, está localizada na VEFA Travel Tours, na cidade do Porto e é dedicada à história do Caminho de Santiago.

O Café Santa Cruz é o primeiro Café Histórico a estar presente com uma Sala no Museu do Turismo. Esta Sala é dedicada à história da cidade de Coimbra e do Café Santa Cruz.

Depois da atribuição, em Outubro de 2020, do 1º prémio da E.C.T.N. 2020 (Winners of the Destination of Sustainable Cultural Tourism Awards 2020 – ETC Corporate (etc-corporate.org) na categoria de «Transnational Thematic Tourism Products foi possível encarar o futuro, passada que estava a 2ª vaga do COVID19, com optimismo. Mas, como agora sabemos, não foi assim que se passou.

O 2º confinamento em menos de 12 meses (de 15 de Janeiro a 4 de Abril de 2021), causado pelo COVID19, que implicou o encerramento de quase todas as actividades económicas, obrigou-nos a adiar alguns projectos.

Este foi um deles.

Esta Sala pode dar um forte contributo para encararmos melhor o nosso futuro, principalmente através de uma retoma económica. Mas também desejamos que esta retoma seja igualmente cultural, social e humana.

O Café Santa Cruz está instalado na antiga Igreja de S. João de Santa Cruz, em Coimbra. O edifício foi construído por volta de 1530 para ser utilizado como igreja paroquial, devolvendo à Igreja de Santa Cruz a plena e exclusiva utilização pela Ordem dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho – os Crúzios. A Igreja de S. João de Santa Cruz fazia parte do Mosteiro de Santa Cruz.

Colecção de Alexandre Ramires

A relevância da Ordem dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho de Santa Cruz de Coimbra era enorme. Por nomeação régia, o Prior de Santa Cruz, “O Capelão do Rei”, fazia a gestão de um vasto património material e espiritual que permitia consolidar e destacar o Mosteiro de Santa Cruz no contexto político-institucional, cultural, social e religioso do País. Os Cónegos Crúzios eram responsáveis pelo Mosteiro, espaço espiritual, cultural e de encontro dos católicos.

Fernando Martins de Bulhões, nasceu em Lisboa, no final do século XII. No início da década de 20 do século XIII vem estudar para Coimbra para estar em contacto com uma das melhores bibliotecas e salas de ensino na Europa: o Mosteiro de Santa Cruz. Aqui, ingressa na Ordem dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho onde fez a sua formação espiritual e intelectual. Foi ordenado sacerdote, mas cativado pela coragem dos 5 missionários franciscanos martirizados em Marrocos decide trocar o Mosteiro de Santa Cruz pelo ermitério de Santo Antão dos Olivais. Fernando Martins de Bulhões muda de nome para António, em homenagem ao eremita Santo Antão.

Painel de azulejos – Igreja de Santa Cruz

Santo António foi um viajante extraordinário. Depois de Marrocos, Argélia, Tunísia e França, veio a falecer em Pádua (Itália) no início da década de 30 do século XIII. O seu grande saber tornou-o numa das mais respeitadas figuras da Igreja Católica do seu tempo.

Com a extinção das ordens religiosas em 1834, a Igreja de S. João de Santa Cruz é dessacralizada e este espaço assume as mais diversas funções comerciais: armazém de ferragens e de canalizações, esquadra de polícia, casa funerária, estação de bombeiros, estação dos correios, casa de habitação, … Hoje é difícil de imaginar como funcionaria neste espaço qualquer uma destas actividades comerciais!

O edifício foi classificado como Monumento Nacional em 11 de Outubro de 1921.

A inauguração do Café-Restaurante Santa Cruz ocorre a 8 de Maio de 1923. A data foi escolhida porque o Café se localiza na Praça 8 de Maio (antigo largo de Sansão até 1874).

A exposição está no interior do Café Santa Cruz e foi preparada ao longo do 2º confinamento – com início a 15 de Janeiro e fim a 4 de Abril de 2021 – causado pela COVID19. Apesar das restrições actualmente existentes (a proibição da entrada de pessoas nos estabelecimentos de restauração e cafetarias) esperamos que a partir do dia 19 de Abril a exposição possa ser visitada.

Para além de uma cadeira do Café Santa Cruz de 1923 está exposto um marco do Mosteiro de Santa Cruz (século XVII) que serviria para delimitar os terrenos propriedade dos Cónegos Regrantes Crúzios. Podem ainda ser vistas fotografias da queda da Torre de Santa Cruz (1935), da Queima das Fitas (1940), da intervenção na Praça 8 de Maio (1995) ou fotos que retratam as transformações no edifício onde está o Café Santa Cruz (século 19 e 20). Encontram-se expostas as primeiras plantas do Café Santa Cruz, que datam de Fevereiro de 1921. Há ainda uma planta da Praça 8 de Maio (na altura Largo de Sansão) datada de 1796.

“O Museu do Turismo” é uma iniciativa sem fins lucrativos e pretende divulgar a história do turismo e, deste modo, honrar todos os antepassados (os profissionais e as empresas) que nos permitiram receber este legado. Tem 2 formas de divulgar / promover a sua missão:

Difundir a história do Turismo através do site e das redes sociais, Facebook, Twitter, Instagram, Tik Tok, Linkedn e YouTube. No Facebook todo este trabalho, os diversos contributos, as “salas abertas”, está disponível em 12 idiomas. Desta forma, todos estes conteúdos são colocados à disposição de um vasto número de pessoas, que se estima que sejam quatro mil milhões em todo o mundo.
As “salas” físicas, actualmente cinquenta, encontram-se em vários locais com afluência turística como são o caso de hotéis, agências de viagem, museus, postos de turismo, … em 14 países No Museu do Turismo colaboram cerca de 130 pessoas das mais diversas áreas de actividade, do sector público e do sector privado.

Hoje, o Café Santa Cruz, para além da actividade diária de cafetaria, acolhe e promove outros eventos que são valiosos contributos para a diferenciação da oferta. São disso exemplo: a edição de livros, a realização de tertúlias sobre diversas temáticas, as exposições, os debates políticos, as apresentações de livros, as mostras de artesanato urbano e os espectáculos musicais.

A pandemia do COVID 19, que iniciou em Março de 2020, é apenas mais um desafio que o Café Santa Cruz enfrenta desde que abriu portas em Maio de 1923. Vai manter-se vivo, dinâmico, criativo, e vai certamente deixar um legado histórico, patrimonial e cultural para as próximas gerações.